A seca severa que atinge o Canal do Jari, em Santarém, no oeste do Pará, causou a morte das icônicas vitórias-régias, que antes faziam parte de um dos cenários mais visitados da região. O verde vibrante das plantas aquáticas deu lugar ao marrom das folhas secas e à terra rachada, consequência das altas temperaturas e da escassez de água no Lago Jari, uma enseada do Rio Tapajós.
Imagens do local, compartilhadas pela chef Dulce Oliveira, moradora da área e proprietária de um restaurante que utilizava partes da vitória-régia em suas receitas, mostram o impacto devastador da seca. Com o canal seco desde o dia 10 de setembro, embarcações deixaram de navegar, afetando o turismo e a economia local.
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A vitória-régia, que possui folhas flutuantes de até 2,5 metros de diâmetro e pode suportar até 50 kg, depende de água abundante para sobreviver. Entretanto, o nível do Rio Tapajós atingiu apenas 19 cm nesta quinta-feira (10), 45 cm abaixo do registrado no mesmo período em 2023. A previsão é que continue baixando até o final de novembro.
A situação é alarmante, especialmente para as comunidades ribeirinhas da região, que estão cada vez mais isoladas e enfrentam dificuldade para obter água potável e alimentos. A Agência Nacional das Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica no Tapajós, e organizações locais, como o Projeto Saúde e Alegria, estão distribuindo filtros de purificação de água para minimizar os impactos.
Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, destaca a gravidade da situação: “O que acontecia de 50 em 50 anos agora parece ser o novo normal. O Tapajós está mais de 1 metro abaixo do que estava no mesmo dia no ano passado, quando tivemos a pior seca da história. É recorde sobre recorde. Triste ver que os que menos contribuíram para essa situação são os que mais sofrem.”