Moradores de Novo Repartimento e indígenas da reserva Parakanã vivem clima tenso entre si após a localização dos corpos de três caçadores que foram mortos dentro da terra indígena (TI). Eles foram localizados no sábado (30), após dias desaparecidos. Desde então, familiares e amigos das vítimas vêm responsabilizando os povos da TI pelas mortes de Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Wilian Santos Câmara. A segurança foi reforçada na região para evitar eventuais conflitos. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
Em relação à situação, a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), em nota, manifestou "solidariedade e condolências" às famílias das três vítimas assassinadas. "Acompanhamos e lamentamos a brutalidade deste fato. Em meio à dor das famílias que perderam seus entes queridos, afirmamos nossa crença no direito à vida e na resolução de conflitos de forma justa e igualitária". destaca a entidade, em relação à hostilidade que vem sendo notada às comunidades.
"Também manifestamos repúdio aos intensos ataques aos povos indígenas, que estão sendo alvos de discurso de ódio nas redes sociais e em Novo Repartimento - por conta dos corpos terem sido encontrados dentro da Terra Indígena Parakanã. A Fepipa reitera que as investigações ainda estão em curso e repudia comportamentos que incitem a violência contra o povo Awaeté Parakanã, que vive na região", diz a federação, em nota.
A TI Parakanã, explica a Fepipa, tem 352 mil hectares e abrange 60% do município de Novo Repartimento e 40% de Itupiranga, e teve homologação em 30 de outubro de 1991. "A luta por terra é uma das bandeiras prioritárias do movimento indígena, já que os violentos conflitos desde o período colonial dizimaram milhares de indivíduos que já habitavam em nosso país; e esta questão perdura até hoje", prossegue a entidade.
"De acordo com o Atlas da Violência 2021, mais de 2 mil indígenas foram assassinados entre 2009 e 2019 no Brasil, representando uma taxa 21,6% maior em dez anos em comparação a taxa de homicídios em geral, que apresentou queda. Sabe-se que conflitos no campo são recorrentes em nosso estado, fruto da expansão de atividades pecuárias, desmatamento e garimpo ilegal, por exemplo, e da falta de fiscalização e rigor das leis ambientais", conclui a Fepipa.
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